1977
David e Low, o primeiro álbum da trilogia de Berlim
Em Berlim, ainda que viajando frequentemente para outras paragens, Bowie e Iggy Pop alugaram um apartamento na Hauptstrasse, numa vizinhança partilhada por muitos imigrantes turcos, onde o músico tentou viver a vida de “uma pessoa normal”, mudança extrema face à sua experiência em Los Angeles. Trabalhando com Brian Eno, o mais experimentalista dos membros dos Roxy Music até à sua saída, em 1973, com o intuito de desenvolver uma carreira a solo, Bowie criou Low, o primeiro álbum da sua Trilogia de Berlim. Gravado em setembro e outubro de 1976 no Château d’Hérouville e no Hansa Studio by the Wall, em Berlim Ocidental, próximo do Muro, e co-produzido por Bowie e Tony Visconti, tratou-se de um feito artístico de relevo, fortemente influenciado pelo minimalismo, pelos Kraftwerk e pelos Neu!, apesar de a crítica o ter recebido com reações mistas, o que não agradou à RCA nem a Tony Defries, que ainda lucrava com os negócios de Bowie. Mesmo assim, chegou a número 2 nas tabelas do Reino Unido e à décima-primeira posição nos Estados Unidos e Philip Glass, que baseou a sua Low Symphony, de 1992, no álbum, chamou-lhe “um trabalho de génio”.
Na sequência, Bowie criou Heroes, igualmente co-produzido com Tony Visconti, desta feita inteiramente gravado no Hansa Studio em julho e agosto. Low foi posto à venda a 14 de janeiro e Heroes viu a luz do dia em 14 de outubro. Desta vez, com Heroes, a RCA decidiu comercializar o álbum com maior impacto, fazendo uso do slogan “Há a Velha Vaga. Há a Nova Vaga (New Wave). E há David Bowie”. A receção da crítica a este álbum muito improvisado, que apresentava Robert Fripp na guitarra, foi globalmente positiva e o álbum atingiu a terceira posição no Reino Unido, trigésima-quinta nos Estados Unidos. Na Alemanha, foi lançado como Heroes/Helden e parcialmente cantado em alemão (a faixa principal foi igualmente lançada em francês). Philip Glass compôs a sua Symphony Nº 4 Heroes uma vez mais baseado no trabalho de Bowie e louvou o músico ao afirmar que tinha o dom de criar “peças musicais bastante complexas sob a máscara de temas simples”. E, em 1980, John Lennon declarou que, quando estava a trabalhar em Double Fantasy, ambicionava produzir “algo tão bom como Heroes”.
Bowie ainda conseguiu tempo para co-autorar, produzir e tocar em The Idiot, de Iggy Pop (que incluía China Girl, mais tarde celebrizado pelo álbum Let’s Dance) e Lust For Life, desta feita apenas como co-produtor e músico, assim como para aparecer em Marc (o programa de TV de Marc Bolan) e para se juntar a Bing Crosby na gravação de um Especial de Natal da CBS, pouco antes do seu falecimento, a 14 de de outubro. E, não se ficando por aí, arranjou tempo para arrecadar mais um NME Award na categoria de Best Male Singer ou Melhor Voz Masculina.
Enfim, em termos pessoais, no final do ano Bowie levou o seu filho, Zowie, para Berlim, juntamente com a ama, Marion, furioso por Angela não ter telefonado ao filho no Natal. Ela acusou-o de ter raptado o filho de ambos, ingeriu demasiados comprimidos e acabou no hospital, na Suíça, para onde se deslocara numa tentativa de encontrar pai e filho, durante uma noite. Respondendo às acusações, Bowie publicou uma declaração: “A minha mulher não sabia que o meu filho estava comigo. Alguns dias antes do Natal, decidiu sair da Suíça e passar o Natal com amigos noutro local. Desde esse dia até ao seu regresso, a 2 de janeiro, não me telefonou nem a mim nem ao rapaz para dizer onde estava”.
Na sequência, Bowie criou Heroes, igualmente co-produzido com Tony Visconti, desta feita inteiramente gravado no Hansa Studio em julho e agosto. Low foi posto à venda a 14 de janeiro e Heroes viu a luz do dia em 14 de outubro. Desta vez, com Heroes, a RCA decidiu comercializar o álbum com maior impacto, fazendo uso do slogan “Há a Velha Vaga. Há a Nova Vaga (New Wave). E há David Bowie”. A receção da crítica a este álbum muito improvisado, que apresentava Robert Fripp na guitarra, foi globalmente positiva e o álbum atingiu a terceira posição no Reino Unido, trigésima-quinta nos Estados Unidos. Na Alemanha, foi lançado como Heroes/Helden e parcialmente cantado em alemão (a faixa principal foi igualmente lançada em francês). Philip Glass compôs a sua Symphony Nº 4 Heroes uma vez mais baseado no trabalho de Bowie e louvou o músico ao afirmar que tinha o dom de criar “peças musicais bastante complexas sob a máscara de temas simples”. E, em 1980, John Lennon declarou que, quando estava a trabalhar em Double Fantasy, ambicionava produzir “algo tão bom como Heroes”.
Bowie ainda conseguiu tempo para co-autorar, produzir e tocar em The Idiot, de Iggy Pop (que incluía China Girl, mais tarde celebrizado pelo álbum Let’s Dance) e Lust For Life, desta feita apenas como co-produtor e músico, assim como para aparecer em Marc (o programa de TV de Marc Bolan) e para se juntar a Bing Crosby na gravação de um Especial de Natal da CBS, pouco antes do seu falecimento, a 14 de de outubro. E, não se ficando por aí, arranjou tempo para arrecadar mais um NME Award na categoria de Best Male Singer ou Melhor Voz Masculina.
Enfim, em termos pessoais, no final do ano Bowie levou o seu filho, Zowie, para Berlim, juntamente com a ama, Marion, furioso por Angela não ter telefonado ao filho no Natal. Ela acusou-o de ter raptado o filho de ambos, ingeriu demasiados comprimidos e acabou no hospital, na Suíça, para onde se deslocara numa tentativa de encontrar pai e filho, durante uma noite. Respondendo às acusações, Bowie publicou uma declaração: “A minha mulher não sabia que o meu filho estava comigo. Alguns dias antes do Natal, decidiu sair da Suíça e passar o Natal com amigos noutro local. Desde esse dia até ao seu regresso, a 2 de janeiro, não me telefonou nem a mim nem ao rapaz para dizer onde estava”.
We can be Heroes